O que fazer para ajudar um adolescente a diminuir a ansiedade?

Em primeiro lugar, descarte a ideia de que, para diminuir a ansiedade, o adolescente necessariamente precisará fazer uso de medicamentos.
Alguns casos podem ser tratados de outra forma que não com psicofármacos.
Porém, em situações de ansiedade severa — ou seja, quando o transtorno afeta de modo muito significativo o comportamento — os remédios podem ser aconselhados, pois promovem resultados mais rápidos.
Na maioria dos casos de ansiedade na adolescência, vale enfatizar, as dificuldades podem ser superadas com técnicas de terapia.
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Técnicas para diminuir a ansiedade
Selecionamos algumas dessas técnicas — que você pode aplicar junto com o adolescente ou o ensinar a usá-las.
Vamos a elas?

1. Caderno de preocupações
A escrita expressiva — método desenvolvido pelo Dr. James W. Pennebaker — propõe que se dedique um tempo (por volta de 15 minutos) para colocar no papel os motivos das angústias.
O artigo “Writing about emotions may ease stress and trauma” (Escrever sobre emoções pode aliviar o estresse e o trauma), publicado pela Harvard, destaca resultados bem interessantes dessa técnica.
A princípio, escrever sobre pensamentos e sentimentos que nos conectam a experiências negativas pode ser incômodo.
Mas as evidências mostram que, após um tempo, o exercício traz relaxamento.
Diminuir a ansiedade é uma questão de entendê-la.
Portanto, escrever sobre as situações que a causam e colocar em palavras as emoções que ocorrem no momento permite melhor organização das ideias.
Sugira ao adolescente que reserve um caderno — só seu — para descrever suas preocupações, irritações, frustrações...
A escrita o deixará mais ciente dos gatilhos da ansiedade. E, se precisar de ajuda, saberá se expressar muito melhor.
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2. Conselhos ao amigo ansioso
A técnica proposta pela Dra. Kristin Neff consiste em separar uma folha de papel e responder às seguintes perguntas:
Imagine um amigo muito querido, que vem lhe contar sobre seus medos e inseguranças. O que você diria a ele? Como agiria para lhe dar apoio?
Agora, pense no que costuma dizer a si mesmo quando é você quem enfrenta temores e dúvidas. Você fala com si próprio como falaria com um amigo?
Percebeu diferenças na forma de tratar o problema? Pergunte-se o porquê dessa mudança de palavras, ações ou jeito de encarar a dificuldade. O que o impede de dizer e fazer a si mesmo o que aconselha aos amigos?
Você se sentiria melhor se pudesse cuidar de sua ansiedade da mesma forma que cuida da ansiedade de um amigo? O que seria diferente?
A Dra. Kristin Neff conclui o exercício com esta sugestão: “por que não tentar se tratar como um bom amigo e ver o que acontece?”.
Você também pode instruir o adolescente a listar os motivos de sua ansiedade e criar respostas, como se a pessoa que estivesse sentindo tudo aquilo fosse alguém que ele ama e deseja muito ajudar.
Além de favorecer um diálogo interno mais produtivo e otimista, outras estratégias de enfrentamento devem lhe ocorrer no processo — pois ele estará focado em soluções e não na crença da incapacidade.
3. Atenção plena

A atenção plena é uma das melhores estratégias para diminuir a ansiedade.
Seus efeitos são rápidos, o que a torna especialmente útil durante picos de estresse.
Existem diferentes modos de praticar a atenção plena. Mas há um exercício muito fácil de memorizar, que pode ser feito em qualquer situação.
Consiste no seguinte:
Ao perceber os sintomas da ansiedade — tremores no corpo, pensamentos acelerados ou taquicardia, por exemplo — feche os olhos.
Se concentre em identificar um cheiro que possa nomear. Descreva o cheiro para si mesmo, em voz alta ou mentalmente.
Localize um som do ambiente. Preste atenção exclusiva nele. O acompanhe durante um tempo. Perceba suas características, suas repetições e alterações.
Perceba uma sensação no paladar.
Abra os olhos e toque em algo agradável. Sinta a textura na ponta dos dedos.
Fixe seus olhos num objeto específico. Note seus detalhes, cores, formas, símbolos e particularidades.
Em resumo, trata-se de ativar, um a um, os 5 sentidos.
Enquanto voltamos nossa concentração a esse exercício, distraímos a ansiedade — eliminando seu domínio sobre a situação.
4. Revisão de hábitos
Às vezes o motivo da ansiedade está tão enraizado no cotidiano que passa despercebido.

Hábitos referentes ao sono, alimentação, atividades físicas ou o padrão de consumo de informações podem ser grandes responsáveis por sintomas ansiosos.
Logo, é interessante fazer uma boa revisão do que representa um padrão no dia a dia.
Os principais cuidados incluem:
Garantir horas de descanso adequadas à idade.
Evitar o consumo de cafeína (também presente em refrigerantes), gorduras saturadas e trans, fast food, açúcar e carboidratos simples.
Se for sedentário, fazer alongamentos, subir e descer escadas, dar uma caminhada diária no quarteirão...
Acrescentar um momento de lazer (hobby) na rotina.
Evitar excessos com o uso de internet (fazer uma desintoxicação digital pode ser uma ótima experiência).
Não exagerar no consumo de informações perturbadoras — notícias, vídeos, filmes, etc. que geram preocupações ou inquietação.
5. Psicoeducação
Se você é pai, responsável ou convive com um adolescente ansioso, você pode contribuir buscando mais conhecimento sobre o assunto e compartilhando informações relevantes.
Esteja atento para a fonte desses conteúdos — dê preferência para textos e vídeos publicados por profissionais de saúde mental.
Aqui, no blog, e em nossas redes sociais (Facebook e Instagram) você encontra vários posts bastante simples e instrutivos.
Outras dúvidas sobre a ansiedade na adolescência? Fique à vontade para escrevê-las nos comentários!