
Baby blues — ou blues puerperal — é o termo utilizado para nomear sensações de tristeza, frequentemente experimentadas por mulheres no período pós-parto.
Cerca de 80% das novas mães — tanto as de “primeira viagem” quanto aquelas que já passaram por outras gestações — estão sujeitas a enfrentar esse problema.
Embora desagradável, a situação é normal. E assim deve ser interpretada. Sem maiores preocupações.
É importante enfatizar: baby blues não é sinônimo de depressão pós-parto!
A depressão pós-parto consiste numa condição psicológica grave, cujos sintomas se prolongam por meses — ou anos — caso não seja realizado tratamento.
Já o baby blues é um estado passageiro, ocasionado pelas repentinas mudanças hormonais, privação de sono e demais situações estressantes, típicas da nova rotina.
Ou seja, enquanto a depressão exige cuidados médicos, o baby blues será contornado em poucos dias, sem necessidade de intervenção profissional.
Contudo, se você convive — ou passará a conviver — com uma mãe recente, saiba que suas atitudes podem ajudá-la a lidar com a “montanha-russa” emocional do puerpério.
Disposto a colaborar?
Então siga nossas dicas!
1. Saiba reconhecer as causas e sintomas do baby blues
Convenhamos, pouco se fala sobre aspectos da maternidade que não se encaixam num cenário idealizado, onde tudo é alegria.
Por conta disso, quando amigos e família notam que a nova mãe “não parece feliz” com o nascimento do bebê, acabam criando interpretações completamente equivocadas.
O primeiro ponto que devemos ter em mente, para afastar juízos apressados, é que a mulher sofre uma alteração hormonal intensa no puerpério.
Os níveis de estrogênio, por exemplo, caem mais de 100 vezes nos 3 dias após o parto.
Agora, some ao efeito dos hormônios fatores como o cansaço gerado pelo parto, a preocupação em cuidar bem do bebê, poucas horas de sono, necessidade de adaptação a um novo corpo e a uma nova rotina.
Isso sem falar no impacto das constantes visitas, que acentuam o clima de estresse ao proferir seus múltiplos — e contraditórios — palpites sobre cuidados com o recém-nascido.
Quando consideramos esse quadro, podemos concluir que é perfeitamente natural que novas mães apresentem comportamentos como:
mau humor;
irritabilidade;
impaciência;
crises de choro;
ansiedade;
fadiga;
desânimo;
sentimento de culpa (por não estar radiante com a chegada do bebê);
insegurança.
Seu papel, ao estar ciente de quais são as causas e sintomas do baby blues, é repercutir essas informações. Tanto para a mãe quanto para demais pessoas próximas a ela.
Atue de modo a suavizar as preocupações desnecessárias.
Lembre a todos que a maioria das mulheres passa por essa fase.
E que, em torno de 10 a 15 dias, os sinais do baby blues devem desaparecer.
2. Proponha formas de ajuda prática
Não basta dizer “conte comigo para o que precisar”. É necessário ser mais objetivo.
Observe pontos onde sua colaboração pode facilitar o dia a dia da mãe recém-nascida.
Ofereça, por exemplo:
lavar roupas;
preparar refeições;
tomar conta do bebê enquanto ela tira um cochilo;
cuidar das crianças mais velhas, caso ela tenha outros filhos;
fazer compras de farmácia e supermercado.
Não subestime o valor de coisas simples, como arrumar a cama.
Qualquer coisa que você possa fazer alivia a sensação de sobrecarga e mostra que você, de fato, está disposto a ajudar.
Apenas tenha cuidado para não ser invasivo! Na dúvida, pergunte antes de fazer.
3. Seja um bom ouvinte
Adote uma audição empática. Faça com a mãe se sinta confortável para desabafar suas emoções, sem se sentir julgada.
Nem todos os médicos deixam claro a possível experiência do baby blues. Caso note que ela tem poucas orientações sobre essa fase, sugira algumas leituras que a ajudarão a se sentir menos aflita (este post, por exemplo).
Outra excelente referência é a palestra da psiquiatra Alexandra Sacks, no TED, intitulada “Uma nova forma de pensar sobre a transição para a maternidade”.
Trata-se de um vídeo rápido — pouco mais de 6 minutos — mas profundamente sensível e revelador.
A psiquiatra utiliza o termo “matrescência” para se referir ao período natural de transformações — e consequentes oscilações de humores — que a mulher sente durante a gravidez e no pós-parto.
“Quando um bebê nasce, uma mãe também nasce, cada um em sua instabilidade”, afirma Sacks.
Sugira à nova mãe assistirem, juntos, a essa palestra.
Depois, pergunte se ela se identifica com a narrativa. Garanta continuidade à conversa.
Sempre com o cuidado de ouvir mais do que falar!
4. Ofereça mimos
Não estamos falando de presentes relacionados à maternidade. Esses já costumam ser abundantes.
Procure lembrar que, por mais que o bebê assuma o centro das atenções, ele não resume a identidade da mulher.
Ou seja, pense além do contexto materno.
Agrade à pessoa com um doce que ela adora — se não houver restrições médicas —, com a oferta de manicure domiciliar, um kit para banho ou uma massagem relaxante — adicionando o bônus de ficar com o bebê enquanto ela aproveita o presente!
Enfim, mostre que você não esqueceu que, além de mãe, ela é uma mulher. Com personalidade, preferências e necessidades próprias.
Esse carinho fará bem à autoestima, que costuma sofrer com os efeitos do baby blues.
5. Limite visitas
Se você não é o pai da criança ou familiar eleito para ajudar no pós-parto, saiba ter bom senso quanto à sua presença.
Médicos e psicólogos sugerem que, nos primeiros dias, o fluxo de visitas seja mínimo, justamente para evitar o estresse da mãe.
Você não será indelicado se não aparecer! Mande mensagens e espere o momento apropriado.
Também não faça visitas-surpresa.
A rotina da nova mãe já é bastante atribulada e você não estará ajudando em nada se tocar a campainha enquanto ela amamenta o bebê ou, finalmente, estiver tirando um cochilo.
6. Fique atento
Da mesma forma que você deve contribuir para o baby blues seja encarado com naturalidade, precisa reconhecer quando algo parece fora do controle.
Caso a tristeza se agrave — transcorridas as 2 semanas do puerpério — ou sejam percebidos comportamentos potencialmente prejudiciais, a busca por avaliação médica é fundamental.
Incentive a nova mãe a encontrar apoio profissional para lidar melhor com seus sentimentos e, se for o caso, realizar o tratamento recomendado.
A terapia é crucial quando a melancolia evolui para quadros de depressão pós-parto.
Mas também é benéfica em toda e qualquer experiência de “matrescência” — com ou sem baby blues.
Afinal, acompanhamento psicológico é, acima de tudo, um cuidado com a saúde!
Agora é com você: envie este artigo para todos aqueles que estão vivenciando — ou esperando — a chegada de novo integrante na família. Certamente, as informações serão úteis!
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