
Os sintomas da enxaqueca diferem — e muito! — de uma dor de cabeça comum.
Tanto que, segundo um estudo do The Journal of Headache and Pain, a enxaqueca ocupa o primeiro lugar entre as doenças incapacitantes que afetam a faixa etária de 15 a 49 anos.
Isso significa que, longe de ser uma “dorzinha incômoda”, que vai embora com um comprimido, a enxaqueca compromete a qualidade de vida de modo avassalador.
Interfere na capacidade intelectual, no desenvolvimento da carreira profissional, nos relacionamentos sociais e até mesmo na perspectiva de futuro.
Mas por que o problema é tão sério?
Resumidamente, poderíamos definir a enxaqueca como uma dor pulsante ou latejante — geralmente sentida na região das têmporas ou atrás do olho — que pode durar até 72 horas.
E isso já seria motivo para entender o dano que causa ao bem-estar!
Contudo, os sintomas da enxaqueca são bem mais complexos e vão muito além desse incômodo.
Siga a leitura e aprenda a identificá-los.
Sintomas de enxaqueca: pródromo
A enxaqueca costuma acontecer em 4 fases: pródromo, aura, cefaleia (dor de cabeça) e pósdromo.
O primeiro estágio, o pródromo — também chamado de fase premonitória —, corresponde aos sinais percebidos horas (ou mesmo dias) antes da crise de dor de cabeça começar.
Cerca de 60% das pessoas que sofrem de enxaqueca relatam sintomas premonitórios, dentre os quais podemos citar:
rigidez muscular (especialmente nos ombros e pescoço);
maior sensibilidade à luz, som, toque e odores;
necessidade de urinar com mais frequência;
sede excessiva;
sonolência e bocejos incontroláveis;
mudança no apetite;
avidez por alimentos doces;
náuseas;
prisão de ventre ou diarreia;
humor deprimido;
dificuldade para ler ou falar.
Uma vez que boa parte dos sintomas do pródromo podem passar despercebidos, o ideal seria fazer um rastreamento diário para localizá-los.
Assim, haveria a possibilidade de detectar gatilhos da enxaqueca e modificar hábitos que, potencialmente, são responsáveis pelas crises.
Sintomas de enxaqueca: aura
Em 20% a 25% dos casos, os ataques de enxaqueca são precedidos ou acompanhados por distúrbios sensoriais chamados auras.
A aura aparece gradualmente e costuma durar de 5 a 60 minutos.
Os principais sintomas dessa fase incluem:
enxergar luzes piscantes, trêmulas ou padrões geométricos;
pontos cegos no campo de visão;
perda temporária da visão;
visão dupla ou embaçada;
sensação de peso e fraqueza muscular;
formigamento ou dormência de partes do corpo (é comum que a sensação comece na mão, evolua para o braço e acabe acometendo o rosto, os lábios e a língua);
vertigem (sensação de que tudo está girando);
perda de equilíbrio;
zumbido nos ouvidos;
distúrbios na fala e na compreensão da linguagem.
Sintomas de enxaqueca: cefaleia

Nessa fase, a dor de cabeça se instaura e pode durar até 3 dias.
Geralmente, acomete apenas um lado da cabeça. Conforme a dor progride, pode migrar para o outro lado ou afetar ambos ao mesmo tempo.
Pessoas que sofrem com enxaqueca descrevem a dor de formas diferentes, remetendo a sensações como grande pressão sobre o crânio, punhaladas e impressão de que a cabeça irá explodir.
É comum que, somados à dor, os seguintes sintomas apareçam nesse estágio:
enjoos;
vômitos;
tonturas;
desmaios;
incômodo com luz, sons e cheiros;
dor no pescoço e nas costas;
Qualquer movimento ou mínimo esforço tende a piorar a sensação de dor latejante.
Por isso — e também para se afastar de estímulos sensoriais — durante os ataques de enxaqueca as pessoas procuram se deitar. Preferencialmente num quarto escuro e silencioso.
Sintomas de enxaqueca: pósdromo
Pósdromo é a última fase de um crise de enxaqueca e se assemelha a uma “ressaca”.
Pode durar até 48 horas, independente do tempo de dor.
Ou seja, mesmo que a cefaleia passe em poucas horas, os efeitos do pósdromo podem persistir por dias.
Cerca de 80% das pessoas com enxaqueca experimentam esse estágio, cujos principais sintomas são:
fadiga intensa;
fraqueza muscular;
anorexia ou desejo por certos alimentos;
falta de concentração;
confusão mental;
dores no corpo;
tonturas;
dor de cabeça leve (residual).
Sintomas de enxaqueca e saúde mental
Há um número crescente de pesquisas que avaliam a correlação entre enxaqueca e distúrbios de saúde mental.
Um exemplo é o estudo intitulado “A relação entre enxaqueca e transtornos mentais em uma amostra populacional” (disponível em inglês aqui), que aponta significativa associação entre enxaqueca e condições como:
transtorno de ansiedade generalizada (TAG);
ataques de pânico;
fobia simples.
Para você ter uma ideia, de acordo com a Anxiety and Depression Association of America (ADAA), até 40% dos pacientes com enxaqueca também sofrem de depressão.
Já no que diz respeito aos distúrbios de ansiedade, os números também impressionam.
Segundo artigo divulgado pela American Migraine Foundation, 20% das pessoas com enxaqueca episódica (menos de 15 ocorrências por mês) têm ansiedade.
A relação entre ansiedade e enxaqueca crônica (cefaleia por 15 ou mais dias no mês) é ainda maior, sendo que as duas condições coincidem para até 50% dos pacientes.

As causas da ligação entre enxaqueca e transtornos mentais ainda não foram devidamente esclarecidas.
No entanto, dado o impacto das dores frequentes, somadas a todos os demais sintomas de enxaqueca que listamos neste texto, podemos concordar que a condição compromete drasticamente a qualidade de vida.
Imagine viver com medo e incerteza quanto a novas crises, além das consequências debilitantes da dor.
Analisando apenas esse ângulo, já temos uma pista que justifica o elo entre depressão, ansiedade e enxaqueca.
Leitura sugerida: Como prevenir os sintomas de enxaqueca?
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Clínica de Psicologia Especializada em Terapia Cognitivo Comportamental.
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